segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Kubo de Kubik


O kubo de Kubik
Por António Pires, Jornal i em 30 de Junho de 2011

Na sequência do boom do rock português, muitos dos seus protagonistas abandonaram o rock para se dedicar a outras músicas: o jazz de vanguarda, o experimentalismo, o namoro com linguagens próximas da música erudita contemporânea. Umas vezes com melhores, outras com piores resultados, músicos influentes do rock de toda a década de 80, como Vítor Rua (GNR), Nuno Rebelo (Mler Ife Dada), Rafael Toral (Pop Dell''Arte) ou Marco Franco (Braindead), embarcaram em novas e para eles mais excitantes viagens.

Outro caso exemplar desta tendência deu-se (e dá-se!) com Victor Afonso, músico da Guarda que no final dessa década formou o grupo rock Nihil Aut Mors, mas que, anos depois e já dentro do novo século, iniciou em "Oblique Musique" (2001) uma trilogia que - com passagem por "Metamorphosis" (2005) - encerra agora com a edição de "Psicotic Jazz Hall".

Um álbum - diga-se desde já e sem rodeios! - absolutamente fabuloso, que poderia ter sido editado pela Tzadik, de John Zorn, mas que também fica muitíssimo muito bem no ramalhete de edições do... Teatro Municipal da Guarda. E sim, é jazz, se o entendermos como swing futurista, doo-wop esquizofrénico, be-bop electrónico.

Mas também é muitas outras coisas: fat-funk, Zappa, psicadelismo, noise, Zorn, chill-out e ambient (mas ambos com fórmula original anti-insónias!), Eno/Byrne, pozinhos arábicos e afro-beat... Bem podia haver um quarto e assim fechar-se o kubo de Kubik.

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